TRAJES...
Tudo se confunde,
a tarde enrola-se no cheiro da noite,
a noite é como um papel pardo
que sem querer dar nas vistas
provoca pela textura,
fazendo com que a criatura
renove o aspecto,
se transforme,
e viva a noite de forma única,
trajes...
apertados, tecidos que se fundem
nas coxas...
sobressaindo um olhar mortiço
mas vivo,
entre o bafo de um cigarro
e um aperto de cintura,
o ritual ganha forma,
encarnando os gestos já habituais,
sim...porque as palavras não chegam
é preciso convencer,
é preciso que a noite lhe sinta o
corpo,
sobe e desce a rua em jeito
desassossegado
arrumando a cada passo a loira
cabeleira
que teima em desalinhar,
gestos típicos de quem tem pressa,
metade dela é pele a outra metade é
fel....
trajes....
pedaços de esperas, conquistas sem
rosto,
ausências de traços, onde o amor
próprio
há muito que morreu...
ali está ela...envolta nos seus
trajes,
de olhar atento que se mistura em mais
uma noite
sombria....fria....rebolando em cama
alheia...
by me ANA BÁRBARA
2012/06/29