PARTE DE MIM....

PARTE DE MIM....
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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A TUA MUDEZ


A tua mudez

sinto uma certa nostalgia
quando não te sinto ou vejo
carregando o silêncio
que me escorre nas veias
arrumo os pensamentos
vivenciando as ausências

faço e desfaço as tranças
na esperança de te ver
antes que as pálpebras
de tão cansadas se fechem,

confusa, deambulo por entre
sons, que vou repartindo,
esperando que surja
por entre eles o teu toque,

sem rumo, perco-me
dentro da minha
pobre mudez, sobrevoando
aqui e ali alimentando
a alma de estilhaços
que aos pouco vão
secumbindo ao cansaço,

busco alimento nas paredes
do coração semeando
pequenas plantas que
vão crescendo sem regras,

já nada me espanta,
nem tão pouco a indiferença
que cutilante faz questão
de infernizar o que resta
da mágoa ou sofrimento,

mistério que não entendo,
que se estende dentro do
peito, em jeito impiedoso,
por fim desisto, não vale
a pena ficar tanta hora
sem par.....

deito o corpo num leito
frio e vazio, findando
o fôlego que até à pouco
ainda conseguia manter,

nada resta, apenas um
amontoado de ruínas
pensamentos que esfriaram
perante tanto emudecimento,
em jeito de despedida contemplo
o que resta de mais uma noite
de nuvens, algodão em forma
de espectro que me alumia
trazendo no sopro do vento
a descrença que me acompanha
parcela de uma vida...
by me ANA

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

FURIA


FÚRIA

o vento sopra trazendo com ele
toda a fúria, desventuras da vida
raivas contidas que se soltam
nos gritos rasgados ,cravando
na carne quase sem vida
as marcas das palavras
que ferem em tom de voz parida,

soltam-se os engenhos
engrenagens semi preciosas
que desabam em catadupa
trazendo com elas as angústias
de um mundo real,

surreal o que sinto,
o sangue fervilha na garganta
o jogo já perdeu as regras
os sentimentos escondem-se
chicoteando a alma,

inflama o corpo dilacerando
em cada sua passagem,
as esperas transformam-se
em espólios vazios sem
compaixão incendiando
o pobre coração,

com esforço os olhos
entreabrem-se suplicando
tréguas, quebrando todas
e quaisquer batalhas,

a muito custo as mãos
agora quase geladas
seguram o que resta
das vestes rasgadas
pela fúria do vento
que na sua passagem
tudo roubou, vencendo
esta batalha em que o corpo
por terra deitou....
by me ANA

bom dia meu amor


Bom dia meu amor

neste novo dia
solta-se o meu bom dia
em forma de espiral
dado sem tempo
dentro de um abraço
especial,

solta-se o beijo leve,
com fragrância de jasmim
uma das essências
que trago dentro de mim,

agarro o dia
com força e alegria
deixando os pés
roçarem o chão
sentindo a pedra fria,

risos de saudade
dentro desta minha
simples amizade
formas sucintas
isentas de vaidade,

os olhos procuram
os traços do rosto
a luz não partilhada
de mais uma caminhada,

sinto-te perto, tão perto
que quase sinto o cheiro
que se evapora
dentro de uma noite
sem luar, mas com vida,
onde no nascer da aurora
te abraço deixando
um convite a mais
um dia de vida....
by me ana

terça-feira, 28 de setembro de 2010

SEM PUDOR


SEM PUDOR
abro as janelas dos sonhos
viajo dentro das fantasias
fazendo com elas reboliços
de iguarias,

a memória solta-se salivando a poeira
que desalinhada se senta na beira
da estrada....arrastando
os velhos castelos
habitados pelos segredos
traidores de toda uma vida,

habito cada som em forma de gemidos
que se soltam descontinuamente
fervilhando na mente,

amarrada a cada desafio
colho cada clarear do dia,
deixando cair a máscara
que tantas vezes me alumia,

já nem sei quem sou,
se dentro dos meus braços
sonho contigo
ou se nesta calma aparente
se esconde o dragão
em forma de gente,

o corpo estremece,
sentindo a afastar do mundo
enquanto a alma se desfaz
tentando colher as essências
que escorrem embaladas
pela paixão....

sem pudor
mantenho a aparência desejada
emersa nas aguas turvas
das máscaras sujas
embriagadas pelas palavras
deixadas...

demoro algum tempo
até que o som estridente
do estalar dos dedos
me fez voltar à realidade
de uma vida sem amor

BY ME ANA
(foto de olhares de Luis Mendonça)

SALPICOS


Salpicos de felicidade...

Sentada no parapeito da janela
enrola os dedos na espera
desventrando cada rosto que passa,

abriu as vidraças onde o sol
se deitou colando os sorrisos
por entre momentos de amores,

envolta nos pensamentos
não toma nota no tempo
que quase lhe suga os poros,

o olhar, segue alheio a tudo
desfazendo-se quando em
modo surdo se deixa levar
nos braços do entardecer,

é final de dia,
os salpicos da noite
começam a chegar desfazendo
o desfolhar do tímido olhar
que se solta nos longos caracóis
dourados reflectindo no rosto
a fantasia de mais um dia....

sonho....ilusão....ou simplesmente
salpicos de felicidade!!! quem sabe!!!
by me ana

BELA


Bela
como é bela
no seu deambular
nos caminhos que percorre
nua por entre folhas de azinho

bela
na face corada
a mesma que pernoita
numa qualquer estrada sem fim,

como é bela
nesta noite e em tantas outras
quando olha para mim,

bela
na sua luz cintilante
que brilha resgatando
o meu semblante,

bela
quando enche
e em forma de riso
faz suspirar corações
inflando com seu resplendor,

bela
dentro de um corpo
que se transforma
fazendo os amantes
ganhar forma,

bela
na gentileza que produz
na subtileza do engate
gritando enquanto seduz,

bela...simplesmente bela
dentro da sua forte luz.....
onde,
por entre pingos de esperança,
lamentos humanos,
véus de temperança,
braços de desespero,
invernos exuberantes,
gritos fraternos ou de amantes,
ela....a lua nos conduz
em sonhos e ilusões
de pequenas e grandes
satisfações.....
by me ANA

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DESCANSO


Descanso

recosta a cabeça sobre o pano branco
que se confunde com a pele sedosa
em tom de pêssego perfumada
pela sensualidade e erotismo que
lhe é característico....

os olhos semicerrados
deslizam na tentativa
de tocarem o gosto
que flui da recordação,

procura pedaços
que se insinuam
matreiramente dentro
de uma memória ainda
fresca e curiosa,

o desejo incontido
volta a assombrar,
fazendo com que o estômago
se encolha, soltando
a língua num gesto
intuitivo....
ao mesmo tempo que os poros
navegam em rios de prazer,

seria fácil acordar dentro
dos gemidos que se vão
soltando onde o eu se confunde
com o ele e o ele entorna
os sussurros de tanto prazer,

confusa, caminha dentro
do sonho, desbravando
os corpos febris que
sedentos de prazer
misturam sem desperdício
o agridoce das seivas
que lentamente se entranham
em forma de chama,

não pretende acordar,
sente neste descanso
cada deslizar dos dedos,
que num emaranhado
de emoções, vive,
inundando o que resta
do início de mais uma noite
de solidão.....
by me ANA
(FOTOGRAFIA DE ALEXANDR ZADIRAKA)

sábado, 25 de setembro de 2010

O olho da consciência


O olho da consciência

fingimentos diluídos
por entre abraços e sorrisos
falsas modéstias,
palavras ditas sem sentimento
risos, gargalhadas , tormentos,

de tudo se faz para atrair
os demais, com tudo
se forma presas dentro
de olhares atónitos,
tristezas conscientes
dominantes em mundos
distantes,

ressoam na memória
ainda curta, velhas histórias
trechos, escritas
águas não separadas
malditas,

as palavras, saem sem domínio
o velho engrossa a história
em repetitivos ais
os novos, pisam-nas
sem pensar que ferem
os demais,

alheio a tudo o olho da consciência
espreita em cada esquina,
o fingidor em local ermo
constrói mais uma presa,
circuncisando sem dó o novo
aprendiz, sem reflexo sem etiqueta
aguarda em silêncio o desflorar
da sua nova presa,

sinais de loucura!!!talvez
mas dentro desta, molesta-se
um amigo uma e outra vez

by me ANA

UM ATÉ JÁ



UM ATÉ JÁ

No meu até já,
mora a espera a incerteza
o arrastar de um corpo
já sem beleza,

mora a audácia da vida
a falácia à muito perdida,

no meu até já,
perdido no tempo,
vive a esperança
do sentir, do esventrar
vive sem mágoa
o dito esperar,

sem tempo ou lugar
as folhas caídas poisam
sem norte num corpo
desflorido, parido de dor,
mas que conserva
como sempre
o seu amor,

espero,
sim, espero noites sem fim
a tua vinda,
num regaço já cansado,
mas que sonha
na mesma juventude
com um jardim
de luares, multicolor
sugando os afectos
os sonhos as palavras,

as raízes tornam-se escravas
endurecendo as artérias
que quase sem vida
ainda pulsam de esperança,

espero sem tempo,
não importa se o relógio
não pára, mesmo do outro
lado do mundo, sei
que estás onde o amor
começa sem pressa
espontâneo, simples
cheio de graça....
by me Ana
(foto retirada de-A Collection of Artistic Female Body Paintings - )

FINAL DE NOITE


Final de noite

Os corpos ainda quentes
permanecem deitados
lado a lado sob o latejante
prazer até à pouco sentido,

o olhar envidraçado
faz transparecer
a alegria dos dois sexos
húmidos, enquanto
as gotas teimosamente
escorregam pelos rostos
num apanhar salivado,

os olhos, flutuam entre
duas ondas de ternura,
transparentes no espaço,
enquanto a ténue luz
se mantém acesa avivando
o rúbio dos sexos,
aclamando as chamas
de suas faces,

tudo acontece deliciosamente,
sem ser planeado
tudo se envolve
num sabor frutado,
dentro de uma madrugada
única, onde as nossas
mãos agora percorrem
o rio deixado,

mais uma vez se ouve
dentro do silêncio da noite
o cair do cansaço,
este, mistura de uma
fúria onde não existe
arame farpado,
calmamente, uma gota
escorrega sem lágrima,
somente o prazer
se mata neste tardio
anoitecer,
e, é assim que enroscados
sem nada dizer
que os corpos aprazeirados
se deixam vencer....
BY ME ANA

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DENTRO DE MIM


DENTRO DE MIM

De dentro de mim
jorram sentimentos
ilusões
mãos trémulas
sementes, poções

encontros de corpos
junções de almas
sobre sexos expostos

dentro de mim
mora a aurora
de um novo amanhecer
mora a audácia
existência de um ser

dentro de mim
habitam seres carentes
mentes confusas
frágeis figuras
bocas sedentas
intensidades por viver
janelas de alma
dentro do meu ser

dentro de mim
já não existem paredes
muros ou redes
sobrevivo sem algemas
nas emoções vadias
vividas ao segundo
em noites vazias
BY ME ANA

Da minha mente ( from my mind)


Da minha mente ( from my mind)

da minha mente
saem gritos, prantos
envoltos em papel pardo,

da minha mente,
soltam-se gemidos
rasgam-se palavras
afagam-se almas,

da minha mente,
são jorrados
espantos, terços de calmas
que perduram no desenrolar
de cada noite,
cores de paixões
conversas de ilusões,

à sombra da minha mente
descanso em dia quente,
aflorando cada tom
pintado com cada batom,

na minha mente,
formam-se galhos
de sentimentos,
espartilhados por
breves beijos
desnudando a alma
sem calma desafiando
cada emoção,

da minha mente,
saem paletas de cores,
pintando amores
dentro de
luxuosas excitações,
vivo-as intensamente
sem perguntas nem prantos
nem anotações,
guardo-as na memória
em jeito de história
porque afinal
não passam
de lembranças sentimentos
alternados, tecidos
por mais uma
MENTE
FROM MY MIND
by me ANA

terça-feira, 21 de setembro de 2010

LASSIDÃO


Lassidão

atravessa a porta em jeito desengonçado
no olhar, transporta a formosura de outrora
no andar a moleza, a lassidão, a calma
dos dias passados, frios sem afagos

como se um relâmpago lhe atravessasse
o caminho, poisa devagarinho os pés
por entre suspiros lânguidos e impacientes

lembra-se vagamente de alguns momentos
lembra-se dos beijos de mentira
das trocas de salivas ainda quentes
dentro de uma memória que a embala

quase sem dar por isso joga a mão
à face, turva e escorreita de melancolia
já não sofre...apesar de chorar até ser dia
o seu coração pula ainda selvagem
por entre afagos que crepitam
na noite ainda esperada.....
by me ANA

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ASSIM DESLIZO NO TEU CORPO


ASSIM DESLIZO NO TEU CORPO

Gosto de sentir os teus lábios
gosto
quando se passeiam
pelos meus seios
beijando-os ao de leve

gosto quando se incendeiam
e, flamejantes me fazem
suspirar
gosto de sentir o sabor
do gostar
da tua boca molhada
roçando a pele
ainda húmida mordiscando
os mamilos presos em
teu sedento olhar

gosto
por inteiro
de te tocar, saboreando
cada gota que escorre
por entre os meus dedos
fazendo-me arrepiar

nas mãos
trazes o olhar
no olhar
transportas o devorar
de cada carinho
que de mansinho
descansam por entre
beijos ancorados
em cada sedução

assim
te espero em cada
noite
assim
deslizo no teu corpo

by me ana
(foto de Marcos Guterman)

recantos....


Corpos,
gestos em ebulição
lugares proibidos de nossas mentes

espaços
espartilhados
campos floridos
telhados nunca pisados

jeitos
frouxos amores esquecidos
loucos suores
êxtases nunca vividos

toques,
sexos húmidos
palavras soltas
ditas em intimidades
loucas,

amarras
intensos gemidos
explosões
de sentidos

mãos,
entorpecidas, enjeitadas
esquecidas,
vencidas de nadas,

olhares
intensos em noites
vadias
pulsações
sensualidades vividas
sem vaidades
união simbiótica
de momentos aguçados
meu.....teu....
proibidos, devassados...
by me ana

(foto Navajo Rug )

O SABOR DOS TEUS BEIJOS


O SABOR DOS TEUS BEIJOS

procuro uma enseada
para deitar a felicidade
até à pouco guardada

procuro no sabor dos teus beijos
escrever poesia
vivendo cada dia
procuro no som
de tuas palavras
iguarias, limbos
de mil ilusões
procuro, procuro, procuro

procuro não perder
o teu sorriso
nas fragilidades
do dia
procuro entender
esta alegria

nos meus pensamentos
procuro o sabor do pecado
em gestos ternos e intensos

procuro nos teus olhos
aquilo que os meus
já não vêm
procuro dedilhar
cada teu beijar

procuro
encontrar em cada luar
o jeito do teu corpo
procuro descobrir
cada sonho,
cada pensamento
cada gesto
sem rimas de tormento

é tão simples
este procurar
que quase me perco
na euforia de sentir
o sonho do teu beijo
ainda quente.....
By me Ana

VEM


Vem,
deitar-te a meu lado
Deixa-me envolver no teu abraço
Deixa-me soprar as letras
Deliciar com o teu olhar

Vem
Traz contigo a maresia
Deixa-me enrolar a minha alma na tua
Esvoaçar os desejos
Dentro desta noite
Sentir a luxúria de me sentir tua

Vem
Alimenta o meu silêncio
Acalma a minha dor
Deixa-me sonhar
Com tempo
Nesse espaço
Sentir como esvoaço
Enquanto me enrosco
No teu sono

Vem
Sem tempo
Faz desaparecer nas palavras
o tédio sujo
leva-me contigo
nesta fantasia ardente
afaga o meu ego
deixando sentir o teu quente

vem
recebe cada beijo meu
no aconchego da noite
busca nos meus gestos
cada espaço vazio
embala as horas
num adormecer tardio

vem!!!!!!!
By me ana

domingo, 19 de setembro de 2010

ESCUTA O TEU CORAÇÃO


Escuta o teu coração

escuta
todas as batidas
com extrema exactidão
escuta
o compasso

escuta cada nota
cada sorriso
cada derrota

escuta
quem te ama
ouve a voz de
quem te chama

escuta
o teu coração
deixo-o falar de paixão

toca-lhe de mansinho
se ele não entender
fala-lhe baixinho

escuta

escuta
com ternura
sem melancolia
deixa-o amolecer
até se fazer dia

escuta
essa voz
cada emoção
faz dela um hino
e escreve cada letra
bem dentro do teu coração

escuta

mesmo que doa
existe sempre uma razão
fica quieta
e ouve com atenção

e, quando já for tarde
não te deites sem
lhe tocar
um dia ele também
te há-de falar

by me ANA

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

loucuras....


LOUCURAS...

Escarpa rasgada
em peito aberto
loucuras definhadas
em sexo alheio
sorrisos envenenados,
olhos penetrantes
em lábios carnudos,

corpos vadios
dedos frios
risadas desvairadas
sem pudores
sexos molhados
de alguns amores

cheiros húmidos
em quartos mofados
desejos torturados
espelhos de vidas
em luas paridas
feridas amargas
pessoas sem rosto
brechas, farpas
histórias enfadonhas
retalhos de loucuras
vividas ao minuto

pensamentos de aluguer
emoções de mulher
fabricadas em noites
de memórias vazias

by me ana

domingo, 12 de setembro de 2010

A ÚLTIMA NOITE


Última noite

atravessa o beco de fraca luz
a passada apressada é que a conduz

leve, fresca, perfumada
para mais uma noitada
de sorriso rasgado
sexo húmido de desejo profundo,

caminha sem compasso
num corre corre leve e devasso

espreita a noite em tom de fantasia
para esquecer a noite fria e vazia

só mais uma noite, última noite
no seu corpo de prostituta
nada condiz,
a pele branca e perfumada
prestes a cheirar o mofo
de uns lençóis à muito gastos
onde o cheiro do sexo se faz sentir
roça-lhe os longos cabelos
num desenrolar de emoções

a pouca roupa salta do corpo
estremece de tesão
quando sente aquela mão
sofregamente escorregando
pelo sexo húmido
que em espasmos de fogo
lhe arranca gritos de prazer

última noite pensa,
será esta a última noite,

quando bruscamente sente
o pulsar erecto que a inunda
de prazer e nesse desejo louco
finge esquecer o pensamento
que a atormenta
deixando-se alagar por entre
espasmos de indecências
fogo de mais uma noite

a última noite.....
by me ana

o que fica-o que resta


O QUE FICA...O QUE RESTA

O que resta ou o que fica
são pedaços de experiências
são também as indecências
as virtudes de toda uma vida

são rostos escritos em pedaços de papel
são sorrisos esventrados ou inventados
são intensidades que espreitam
em leitos desfeitos
são afectos inesperados
muitas vezes não dados

o que fica, ou o que resta
são recordações cravadas
em alguns corações
são lágrimas, momentos
são movimentos desatentos

mas o que fica, o que se carrega
são marcas de memórias
que nunca se apagam
são brilhos de alma
são certezas dentro de incertezas
são gritos
de quem amou
e, por momentos também
desesperou

o que resta
são lembranças delicadas
que por muito que se queira
jamais serão apagadas
são cheiros entranhados
na pele
que a vida nunca repele

by me ANA

sábado, 11 de setembro de 2010

vestido rasgado


Quando passares por mim
e não sentires o cheiro da terra
saberás que morri e será esse
cheiro que prolifera

tal como o navio navega
sobre águas revoltas
o meu corpo jamais
se acalmará, mesmo
que a razão não se veja
mesmo que o rasgar da pele
já não sinta
mesmo que espezinhada
pelo mundo
a garganta ávida nunca
se calará
e gritos de dor e amor
lançará

com sede, desejo
com raiva e lucidez
oscilando por entre
caminhos tenebrosos
desvendando lúbricos desejos
continuo a minha luta
enroscando-me numa pele
já velha sedenta e bruta

dentro de um vestido
há muito rasgado
mas que teimo em vestir

by me Ana

QUANDO EU CRESCER



QUANDO CRESCER

Quando eu crescer quero ser borboleta
quero voar e todo o mundo contemplar

quero roçar os rostos com minhas asas
sentir a alegria dos sorrisos em cada canto
esvoaçar, rodopiar sempre com encanto

quando eu crescer, quero bater asas e voar
quero em vossos regaços me aconchegar

quero sentir saudade em cada anoitecer
esperando com sofreguidão cada alvorecer

quando eu crescer, quero sentir
o cheiro do amor esquecendo
cada mágoa ou dor

quando eu crescer não quero
sentir mais a tristeza de cada anoitecer
quero poisar sobre o olhar
quero ver o nascer de cada dia
quero apreciar a cor do mar
e ter um motivo para sonhar

quando eu crescer, perfumar
todo o ser com palavras de
bem dizer....

By me Ana

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

palavras soltas


PALAVRAS SOLTAS

Imagens soltas inacabadas,
rostos,
pingos de suor,
indecisões, fracas memórias
sem histórias em corpos
suados,

vitórias mortas
em almas soltas
garras cravadas
vidas inacabadas
doentias

olhos rasgados
dedos molhados
sobre memórias sóbrias

sorrisos,
mil sóis em lençóis alheios,
sonhos envidraçados
dores
mil amores descoloridos
fingidos

amanhas sem esperanças
guerras soltas
searas, rostos, armas
acordares, sonhos
sem esperanças
com ganas de uma longa
bonança
rejeitada na maciez
da pele
dentro de sentimentos
que o mundo repele...

by me ana

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Retrato de menina

RETRATO de menina

Caminhos
desencontrados, horizontes distantes
Onde o longe fica perto
e
o nada em tudo se transforma…

Manhãs
solarengas, incendiadas pelo fogo
De vidas passadas…
uma vida….. um retrato
uma infância desfeita no mais breve e leve olhar….

Flutua
nas asas do vento,
procurando o som das gaivotas,
O espelho do mar, sorriso do luar…

Nas tranças
pequenos crepúsculos se extasiam
à muito que deixou de ser menina …
dança corre, quase que apanha o sol,
mas….
ficando submersa nos murmúrios do infinito,
perde-se no sonho, por momentos,
a linguagem outrora estridente
do ainda adolescente, sobrevive,

Encontra
aguarelas cores imensuráveis
paletas, portos onde o coração ancorava
Beijos feitos de espumas, brumas salgadas,
Levemente pinta nas nuvens retratos de outra gente!!!!!!!
E o seu retrato… como seria!!!Quem afinal o pintaria….

Traço a traço…
pouco a pouco, construiu o seu retrato,
um pouco louco…semelhança eterna
Do sorriso de criança, onde por breves momentos
se refugia…nos sonhos que ainda guarda…fantasias
de menina…ousadias dispersas, pisadas, nas vestes aladas
que flagelam seu corpo matando aos poucos o que
resta de seus desejos profundos…

ilusão ou não, seu retrato inacabado ficou,
entre as cores desbotadas
dos pincéis já enrijecidos pelo tempo…
sobrou uma imagem esbatida na velha tela
o sorriso, o mesmo que o tempo não apagou…
By me Ana