Sem papas na língua

Sem papas na língua

os dias correm desenfreados
levando com eles os sorrisos
mal dados,

corremos dentro de nós cegos
fazendo com eles enlaces
sem tempo, pedaços de farpas
que se degustam em bocas
sem sons,

vivemos com ódio
com duas pedras na mão
vivemos sem pensar
com dor no coração

as larvas apressam a vinda
escorrendo pelo corpo acima

vidas de nada
pedaços de sons
vivenciados de olhares
mal lavados
podridão de alma
que sem calma
nos devora em cada hora

sem papas na língua
vómitos de uma sociedade
que vive sem grande verdade

sem rodeios ou sementes
as gentes caminham
numa vaga de esperança
onde a ilusão se funde
nos breves momentos
de paixão sem memória
onde há muito não existe
história,

o vento, na sua passagem
suga a única miragem
arrancando cada trago
deixado pela flor do amor
by me ana