PARTE DE MIM....

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

FIO DA NAVALHA


FIO DA NAVALHA

Ouço o bater do relógio
as horas a avançar,
perdi a sanidade
que os dias impõem,

neste estado nostálgico
percorro ruas e ruelas
abro e fecho as minhas
próprias janelas....

sinto as noites vazias,
cada uma delas
grudadas dentro de mim,

caminho sem me encontrar
sinto um frio percorrer
o corpo, também ele vazio
em cada sol posto, sinto
o chicotear do rosto,

aparentemente morreu....

alheio a esta dor vai calmamente
fustigando, escavando
criando erosão,
quase sem razão....

entre um sim e um não
o corpo já cansado
encontra na pedra fria
o seu estrado, duro
como dura é a vida
cega sem tempo nem medida,

os sentidos gelam,
as ambições ou sonhos
caem por terra,
já não consigo mais....
o olhar é fugaz, sem sentido
já não sei se amo
se preciso desta fogueira
ou se apenas sou produto
combustão....

enrolo-me no chão
o mesmo que alheio
ao sofrimento se enrosca
na pele fria e gasta
ambos se tocam
e....tudo passa
as dores, os amores,
até por momentos se acha
graça....
assim, fico, nem triste
nem feliz, apenas desisto,

já não grito, a rouquidão
tomou conta...não vejo,
a noite turvou o olhar,
não sinto, o frio regelou
o sangue que ainda corria
nas veias e que tantas vezes
o envenenei....doeu penso!
já não sei.....
nem tão pouco sei
se importa voltar a pensar,

o corpo volta a enroscar-se
desta vez...ainda mais devagar,

a respiração abranda
fica no fio da navalha
tal como a vida.....
afinal somos feitos
da mesma fibra....

espero.....sem pressa
afinal...este é o meu tempo
aquele que ninguém
vê...se importa....ou sente....
by me ANA

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