PARTE DE MIM....

PARTE DE MIM....
(Reprodução proibida sem autorização do autor. Todos os direitos reservados.)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

entreguei-te

Entreguei-te o meu abraço
o meu peito e coração
entreguei-te os carinhos
as vontades
os segredos
entreguei-te o meu olhar
entreguei-te o meu gostar
entreguei-me de corpo e alma
esculpi cada desejo
retratei cada ensejo
quando dei conta
roubaste-me o sorriso também
porque
tudo o que te dei
jogaste fora também
by me ana

OLHOS TRISTES




OLHOS TRISTES

fechei-os...tentei neste fechar afastar a dor
da tua ausência, ficar nesta escuridão
esperando que ela passasse
esperei dentro da esperança
que a dor dormitasse...

eles não te vêem...mas sentem,
não reclamam....mas choram,
a tua indiferença...

toquei-lhes, mesmo sem querer
senti o seu calor, senti o amor
brotando....talvez seja miragem
pensei....
então acordei, mas os olhos
não descerrei...sabes porquê!!!

simples....se quisesses entender
ou quem sabe até perceber ….

porque o amor não se vê,
apenas se sente, mesmo
quando se cega o amor é transparente,
não que fique mais carente,
fica mais vivo, com cor
sentido se queres saber
também fica florido,

é só fechares os olhos ….

experimenta....toca os meus dedos
sente a textura, o cheiro
sente com calma,
porque quando se ama
o amor enlaça a alma...

by me Ana

CUIDADO


CUIDADO...

Cuidado...não te sentes
podes amachucar o vestido
ou será que é a alma que se sente
amachucada também...

não te sei dizer...falei com ela à pouco
não me soube responder...

talvez não soubesses a forma correcta
de lhe falar...quem sabe se não lhe
disseste o quanto te está a magoar!

Sossega, pois talvez te volte a falar....

são tantas as indiferenças que a pele
se deixou vencer e talvez não mais
a queira ver....


ferida a esperança pula o muro,
estrepou-se....quando se apercebeu
o seu amor morreu...
talvez amanhã pensa ela!
talvez ninguém mais faça caso dela...

talvez adormeça e também o amor esqueça
talvez o relógio pare...a corda ceda
talvez...quem sabe ….também....
by ME ANA

ESPERAS....


Quando a noite chega
com ela vem um sem número
de fantasias mergulhando a mente
nas suas vontades, êxtases
de simples verdades....

lá fora o frio aperta,
tal como o nó que cega
a garganta seca e febril
invadindo o corpo desnudo,

olho-te, imaginando a textura
da pele que sem cobiça
se vai enrolando no desejo
movendo-se na minha mente
insana, depurada pela maldição
fazendo ferver nas veias
a saudade de te possuir

louca ou não....esta saudade
explode em mim....
porque será que dói assim!!!
by me ANA

sábado, 27 de novembro de 2010

GrItO dE rAiVa



(FOTO André Luiz Pires - Galeria Pública Nus)


GRITO DE RAIVA

Tudo faz parte da orquestração da vida
os coices da mula, os dizeres, as falas
tudo se constrói ergue ou destrói,

a amizade é como um castelo
de finas paredes, quando o vento
sopra forte, derruba-as
transformando-as em pó, um fino pó,

vivemos dentro de ilusões desajustadas
de uma sociedade desbotada.....
desprovida de qualquer sentimento
de verdade, vazia, corrupta
que nos mói o pensamento...

futilidades abruptas, grosseiras até
emaranham-se nos sorrisos
pobres coitados sem darem por isso
são açoitados dentro de si próprios,

ah!!! como é injusto este viver,
como quase sem darem por isso
acabam por morrer....tristes
cujos semblantes pintados
com pinturas de guerra, mais não são
que protótipos de falsas moralidades
que coabitam dentro das suas
próprias falsidades...

riem de si próprios,
carcomem a própria carne,
flagelando-se dentro de intimidades
guiadas sem sentido por estradas
e caminhos tortuosos...

hoje grito de raiva,
na tentativa de arrancar
os demónios que me devoram
o pensamento,
hoje, estou viva
sou gente,
sou pedaço de concórdia
regurgitando os odores
de quem passa ….

hoje entrei dentro do meu olhar
violei-me sacudindo cada dor,
apenas porque não quero sentir
a indiferença, seja ela de quem for

sou eu apenas....mulher....sem capa
by me ANA

(Juan Casas pintura)

REVOLTA...DE MIM

Embalo nos meus braços
a ternura de outrora
vivida sem tempo
porque o tempo me jogou fora,

trago no olhar, a esperança
o abandono a dor,
trago também um braçado
de estrelas, ramos de destinos
endurecidos pelo tempo
nas noites em que não adormeço,

outrora julguei-me gente,
imaginei sóis, luares
imaginei até doces lugares,

aos poucos fui sobrevivendo
dentro de sonhos fecundos,
pecados de mim mesma
açoites que o mundo me deu,
quase que deixei de ser eu...

que mais serei de mim!!!
porque a vida me julga assim!!!
qual sarjeta envenenada
jogada em águas turvas
quando ninguém gosta de mim....

sou sapo jogado em pântano alheio,
sou pedaço que ninguém quer,
sou víscera endurecida
na estrada desta vida....

sou lixo ….
jogado pela indiferença
quando cato ou me enrolo
na procura de um colo...
não pareço, mas também sou
criança...o coração também explode
sou lúcida....sentindo-me ….irreal...
dentro de um mundo frio, surdo e torto
onde os sentimentos não existem
e se tortura mesmo quem já está morto!
by me ANA

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

lágrimas de alma


Calo-me
sinto-me encurralada
dentro deste meu sentimento,
os murros que o peito recebe
atingem a alma,

escorreguei pela parede fria,
sentei-me diante de mim
sentindo-me vazia,
contraste grotesco
diante de um desespero
distorcido
onde tudo parecia
perfeito,

grito
dentro deste meu desespero
tentando perceber
que fiz eu afinal!!!

será amar um pecado!!
então quero morrer,
não quero esta dor
não a quero sentir
o meu corpo percorrer,

luto, uma luta desigual,
porque dentro
do peito mora a paixão,
no olhar a desilusão,
e nas palavras
a incomunicação,

será justo
sofrer por ti!!
será justo
este amor sentir!!!
será justo esta dor
que me rasga a alma!!!

ah !!como desejo morrer
não quero sentir esta dor
tão profunda de te perder

quero dentro
dos meus gritos
ficar....
não mais quero acordar
by me Ana


Pequenas emoções
abraços de saudade
fantasmas dentro de um
mundo, solitário
quão solitário é o momento
em que me sento
e tento em vão
olhar-te nos olhos
fazendo com que o meu
jardim, penetre
dentro de ti.....

o misticismo faz-se valer
entre o azul do céu
e o anoitecer, espreito
cada sulco, deixando
que as luzes se apaguem
os deuses se manifestem
e eu te possa receber....

bebo cada trago do teu silêncio
sem revolta ou vaidade
envolvo-me na chávena ainda
quente, tentando sentir
o teu calor....passado o momento
sinto que quase não sou gente,
os dias atraiçoam-me
a insinceridade do mundo
faz-se valer, resta-me
ver a minha alma morrer...
porque as emoções não
se sentem à distância,
não se vêem e por muito
que se queiram passar
tem que existir alguém
do lado de lá...

estou só neste caminhar
os laços que uniam as pontas
com o vento desmancham-se
a seda fica rígida, áspera
como a vida nos ensina
por vezes tento mostrar os meus
gritos, soam alto penso eu
mas os muros que se erguem
não deixam o eco passar
voltam vazios...da mesma
forma que o meu olhar...
by me ANA

terça-feira, 23 de novembro de 2010

SENTIR...


Hoje senti saudades de mim...

porque há muito que me perdi
…..dentro de mim,

sem saberes ou sentires
toquei a tua face,
olhei-te demoradamente,
senti como ninguém
sente...vivi... sem me sentir,
porque nesse momento
apenas te quis a ti....

encostei o meu olhar
no teu,
dedilhei cada traço,
sem saberes,
senti o gosto da tua
pele,
chorei, não de saudade
mas de felicidade....

entrei dentro da tua alma
com calma,
despi-te e num sugar
de prazer
adormeci mesmo
sem querer,

hoje senti saudades de mim...

de quando era criança
e me balouçava nas tranças,
senti falta das lembranças
de quando me rebolava
na terra molhada,
senti falta dos afectos
dos meus beijos
predilectos
enquanto te olhava
minha memória vadiava,

então....sentei-me
nos teus braços
rebolei-me nos teus lábios
e... senti que cresci,
porque nesse momento
senti-te
dentro de mim
By me Ana
23/11/2010

EU... QUERO



EU...QUERO...

Eu quero-te
querendo-me
eu amo-te
amando-me
eu vivo sem ti
porque tu vives em mim,

sou aquela que te ouve
sem tempo marcado,
desacertando as horas
embrulho-me nos teus mistérios...

renovo os sonhos
segurando a tua mão
quando tu a minha deixas
cair....agarro-a
beijando-a,
para que me possas sentir,

sou véu, grinalda de felicidade
sou metade,
porque a outra tu roubaste-a,

por entre as noites frias
passeio as pupilas
imaginando todas as
fantasias...

encontro-me,
quando em silêncio
chegas,
sugando-me os sonhos
e me retiras a seiva
deixando-me embriagada
por ti....

esqueço-me por momentos
quem sou,
sou serva leal nas esperas,
aguardando que o vento
me fale de ti....
sem pressa esmago a tristeza,
deixando que a paixão viaje até mim
sou tal criança gulosa
que sem jeito ou preceito
se besunta de cereja
enquanto seus olhos brilham
de satisfação....

mesmo quando me dizes
não....
eu sorrio com os olhos
rasos de lágrimas,
porque nesse meio tempo
entras-te dentro de mim
falando-me ao coração,
sentindo que a outra metade
está viva
e ainda sente ….paixão

by me ANA
23/11/2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

FLOR MORTA


Foto Maria Catunto Olhares)

FLOR MORTA

Deixei a noite entrar dentro do meu peito
deixei-a espreitar, agarrando o sangue
que ferve nas veias...gritaram
sentindo o desespero da alma

deixei os sonhos se transformarem
em pequenos retalhos
agarro-os como se fossem os últimos

o vento ruge, consumindo-me
queimando a seiva que teimava
em passar....sangrou

as aves....não voam sem asas

ao morrer por dentro
deixei de poder cheirar
a doce flor....porque meus
olhos morreram também


quedo-me então....

by me ANA

quantas vezes


QUANTAS VEZES

Quantas vezes parei para pensar
o porquê de ti gostar!!!
porque embarquei neste sonho
que de tão belo se torna medonho,

quantas vezes rascunhei o teu nome
e provei a distância que nos separa,

forjei, inventei luares beijos deixados
sofri, a falta do sabor do toque,
quantas vezes!! pergunto o motivo,
desta ilusão, sem que encontre
uma razão!!!

cada palavra que digito, cada frase
que te digo, ecoa no meu sentido
e me devolve à realidade...

segredos, imagens de fantasia
como esta noite vazia, sem coragem
para respirar, a dor do teu faltar...

o que resta desta ansiedade
é uma tremenda irrealidade
onde apenas mora a suave
e doce saudade....
by me Ana
22/11/2010

domingo, 21 de novembro de 2010

A ESPERA


A ESPERA...

O tempo vai passando
eu aqui no meu canto
vou ficando,
numa calma aparente
vou te olhando,

eu sei....sei que não tem jeito
nem tão pouco preceito,
mas eu fico embriagada
esperando pela tua chegada,

talvez um dia...quem saiba
o vento mude, volte a cheirar
a maresia,
e sem nos envolvermos
eu na mesma te possa beijar
dizendo o quanto tu és para mim,

talvez um dia....possamos
as estrelas em conjunto
admirar, e tu, a mão me estender
sem nada dizer nossos corpos
se possam abraçar,

quem sabe..se um dia
eu te possa mostrar a lua,
sermos loucos por uma noite
deixando o tempo perder-se
em nossos lábios quentes,

ser louca por uma noite
ter um pedaço do meu peito
bem juntinho ao teu
cheirando sem preceito
esta fantasia irreal
vou te esperar noite e dia
dentro do meu mundo
tão real....
by me ANA

sábado, 20 de novembro de 2010

ah!!!!!esqueci de te dizer


Ah!!!!!já me esquecia de te dizer

que …..

que me esqueci de te esquecer,
talvez porque nunca me imaginei sem ti,
ou talvez
porque nunca te conheci,

sem demora, sem pressa,
talvez num escorregar
devagar....
seja a hora imprópria
mas eu volto a dizer
bem devagar....

esqueci....de te esquecer,

metade de mim é frescura,
a outra metade é brandura,
aquela que nos conduz
seduz e até nos espanta,

na metade da frescura,
eu junto os nossos corpos
fazendo em dias de inverno
o nosso aquecimento de alma,

na outra metade,
sou mulher de mão cheia
sou...calma

de um lado sou inteira,
sou vivida,
sou semente,
sou aquela que não te mente,

do outro lado da metade,
sou paixão
sou ilusão
sou aquela que se esqueceu
te te dizer adeus

afinal
existem sonhos
e eu quero continuar
a viver os meus...
by me ana

pequenas coisas...


(imagem retirada da Net)
SÃO PEQUENAS COISAS

Pequenas coisas,
são pequenas coisas
que nos fazem sonhar
ser e viver,
são pequenas coisas
que nos fazem
correr...saltar
como ladrões de ar

segredos, sóis
é o trém da vida
calhas de cheiros

são pequenas coisas
que escorrem por
nossos dedos

o cheiro do amanhecer
a lenha ao anoitecer
o café da manhã
a ruga no espelho
a alfazema no cabelo
o abraço
o beijo
o cansaço partilhado,

são pequenas coisas
cheiro de rosas,
como uma droga
vicio de mim em ti,
onde a tristeza não
entra, o mal se espanta
e o amor encanta....

são pequenas...pequenas
grandes coisas,
que nos fazem viver
e neste viver...acontecer..

by me ana

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ESVAZIEI POR DENTRO...


Esvaziei por inteiro esta vontade
de viver
espremi cada sentimento
expurguei a dor e o lamento

o aperto que se faz sentir dentro
do meu peito,
é tão grande que rasga a carne
já frágil corcumida pela idade,

não se trata de ser velho ou novo,
apenas os tormentos avassalam
dando lugar a esta angústia
sem par, débil tortura.....

percorro as ruas vazias
em busca de calmaria,
esperando encontrar as respostas
que o coração teima em não dar,

roço quase a loucura
injecto esta busca dentro
de uma moldura frágil
que quase se desfaz
quando alguém me toca
e procura se estou bem....

os olhos erguem-se
já sem dor,
faço por não ver
nem tão pouco responder,
porque aquilo que procuro
esvazia-me de tal forma
que quase me transtorna
a face....
insensatez...talvez seja
mas quem não sente
não é gente...e gente
é pessoa que sente...
e assim …..
continuo neste meu pranto
por entre um punhado
de multidão...
by ME ANA

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

FIO DA NAVALHA


FIO DA NAVALHA

Ouço o bater do relógio
as horas a avançar,
perdi a sanidade
que os dias impõem,

neste estado nostálgico
percorro ruas e ruelas
abro e fecho as minhas
próprias janelas....

sinto as noites vazias,
cada uma delas
grudadas dentro de mim,

caminho sem me encontrar
sinto um frio percorrer
o corpo, também ele vazio
em cada sol posto, sinto
o chicotear do rosto,

aparentemente morreu....

alheio a esta dor vai calmamente
fustigando, escavando
criando erosão,
quase sem razão....

entre um sim e um não
o corpo já cansado
encontra na pedra fria
o seu estrado, duro
como dura é a vida
cega sem tempo nem medida,

os sentidos gelam,
as ambições ou sonhos
caem por terra,
já não consigo mais....
o olhar é fugaz, sem sentido
já não sei se amo
se preciso desta fogueira
ou se apenas sou produto
combustão....

enrolo-me no chão
o mesmo que alheio
ao sofrimento se enrosca
na pele fria e gasta
ambos se tocam
e....tudo passa
as dores, os amores,
até por momentos se acha
graça....
assim, fico, nem triste
nem feliz, apenas desisto,

já não grito, a rouquidão
tomou conta...não vejo,
a noite turvou o olhar,
não sinto, o frio regelou
o sangue que ainda corria
nas veias e que tantas vezes
o envenenei....doeu penso!
já não sei.....
nem tão pouco sei
se importa voltar a pensar,

o corpo volta a enroscar-se
desta vez...ainda mais devagar,

a respiração abranda
fica no fio da navalha
tal como a vida.....
afinal somos feitos
da mesma fibra....

espero.....sem pressa
afinal...este é o meu tempo
aquele que ninguém
vê...se importa....ou sente....
by me ANA

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

brincando de viver...



brincando de viver...

Mistura de terra seca que em silêncio
vai lambendo os pés, gemendo
a cada sua passagem,

é milagre de vida dizem uns,
é logro reclamam outros,
para mim, é simples
é embalo, mistura, mistério
é a alma que me ensina
é vida, cheiro e saudade
são as amarras, impulsos
dança do meu ventre
em dias de outono
para que afinal transmute
a beleza de um amor
simples e puro.....

neste meio tempo
penso....no sabor amargo
do segredo, na força
amarelecida, na cor
desbotada, na camisa
enrugada e molhada...

penso em tudo o que poderia
ter sido,
naquilo que fiz, no que ficou
por fazer,
penso nos presentes
que a vida me deu,
dos que me tirou
e em jeito de reflexão
penso ainda, onde está
o espaço, aquele que toda
a gente diz,
que a vida lhes brindou

não sei...nunca soube
nem tão pouco sei medir
porque a vida para mim
sempre fez questão
de me mentir....

by me ana

PALHAÇO DE MIM


PALHAÇO DE MIM....

Há dias em que as pinceladas
Apenas sujam as ideias

Outros, em que as palavras
Ficam tão gastas
Que não vale a pena
Voltar a escrever
Ou tão pouco tentar ler,

Há dias em que penso
Que o homem é melhor,
Que Eu!! sou melhor!!

Mas depois….depois,
Vem o vento
E num lamento
Sujas as palavras,
Enruga as formas
Desnutre o pensamento,

E aí….eu perco o fôlego….desisto,

Desisto de mim,
De olhar, de pensar
E quem sabe de viver,

Há dias…em que não queremos
Que nos sorriam,
Chega um abraço, um olhar
Aquele que tantas vezes
Fica por dar….

Talvez seja eu….
Que perdi a forma,
Ou …talvez seja
A fórmula que nunca encontrei,

Já não sei….

Quando penso que estou
A caminhar….eis que perco
O jeito….o preceito
E os passos ficam por dar,

Há dias….
Em que os olhos reflectem,
Em que nÓs deixamos
Transparecer aquilo que nos
Vai bem dentro da alma,
Outros, são tão negros e duros
Que engolimos o fogo
Somos equilibristas
Dentro de um mundo novo,

Por vezes sou espectadora
De mim mesma,
Reservo esse momento
Para o meu adormecer,
Quando o faço
Sou actriz no meu palco,

Dou asas á imaginação
Recorro às luzes,
Pedindo que me iluminem
Desempenho qualquer papel
Sou fiel ao personagem,
Quando os olhos cerram
O pano caí…então
Choro tal palhaço embevecido
Esperando que o sonho
Se transforme,
Me leve para dentro dele
E aí eu possa tocar também
A felicidade que a vida
Ainda não me deu….

By ME ANA

terça-feira, 16 de novembro de 2010

NÃO VOU VOLTAR A....



Não vou deixar entrar
e queimar
o que resta de mim...

não vou pedir clemência,
não quero saltar o muro,
quero ficar para sempre
dentro do meu mundo,

não vou permitir
que me quebrem
ou joguem no lixo,
humilhem ou injectem
o veneno que lhes corre
nas veias...

não...não quero
códigos correctos,
verbos confiáveis
estímulos que massacram
e estupram...
esqueletos esquecidos
clamando por clemência

meretriz por excelência

vou apagar as recordações
arrancar as paixões
debulhar cada vivência
como se fosse a última

mesmo que sangre dentro
do meu olhar
não vou deixar espaço
para voltar a amar....

BY ME ANA

enquanto espero....



Enquanto espero
Ergue-se em mim
Uma mágoa de solidão
O peito aperta, não de desespero,
Nele reside uma floresta
De paixão,
Aquela que queima
Tem por combustão
O amor….

Vou perdendo a lucidez,
A memória vai flutuando
Resigna-se pelo abandono
Encerra as lembranças
Das falas…

Esperas, são tantas as horas
Que me sinto náufrega
Perdi o rumo do meu barco
Cedi o leme,
Apago a esperança que ainda
Residia, quando acordava
Ou te esperava…

Foste-te afastando
O meu sorriso foi secumbindo
Despovoaste o meu ser
Aos poucos,
Vai ficando árido, inóspito
Desfloresce enquanto espero..

Tomo consciência que não sou nada
Pedaço de papel, translúcido
Papiro envelhecido pelo tempo
Que ninguém mais liga
Ou dá importância,

Sofro, sofro
Pelo abandono, pela angústia
Provocada sem explicação
Apaziguo dentro de mim
Os sentimentos, lavo-os
Em cada adormecer
Mas mesmo assim
Esta força resiste dentro de mim

O pensamento fluí, foge
Roubando-me a sanidade
Desta enorme saudade…..
By me ANA

ÀS VEZES TENHO MEDO...


Às vezes tenho medo
Medo de ser,
Medo de parecer
Medo até de crescer,

Tenho medo de viver,
De magoar sem querer,
Medo de olhar e enxergar
O que a vida teima em não dar,

Tenho medo de sentir,
De escorregar,
Tenho também
Medo de desistir,

Quando olho
Sinto medo de tocar,
Quando toco
Sinto medo de olhar,

Às vezes
Sinto medo só de pensar,

Enquanto espero que a vida
Passe por mim,
Acalmo, e sinto
Este medo só para mim,

Não sei se posso
Nem tão pouco sei
Se algum dia alguém
Se lembrou de mim
Ás vezes sou sim
Outras não

Às vezes corro atrás do sonho,
Outras morro dentro dele
Sou luz ou demónio
Sou ventre
Ou ilusão
Sou razão
Às vezes choro
Sem vergonha

Sou dura na inocência

Sou tudo e nada

Sou dormência adormecida
Sou vida….

Sou corpo

Sou braços na alvorada

Às vezes sofro com alegria
Também fico vazia

Às vezes no silêncio das palavras
Ouço a revolta
Quando elas perdem vida
Gemendo dentro do peito

Aí, fico mágoa
Rio sem leito….

Às vezes
Perco-me, corro, galgo
Vales e montanhas
Encarno o coiote
Uivo nas madrugadas
Tento conjugar o verbo amar
Mas não consigo

Porque
Às vezes
Os silêncios cortam-me as veias
Não suportanto a dor
Enrolo-me no meu corpo
Escondo a face, esgravato
A terra fria, escavo
Dentro de mim
Arranco os demónios
Na ânsia de ser amada
De nada serve

Afinal

Não passo de um ponto

Um ponto de uma ténue luz

Que ninguém vê

Assim….às vezes
Morro dentro de mim

Olvidando o nascer de um novo dia

Às vezes

Porque ….às vezes
Se ama quem não se queria….
By me Ana
2010/11/16

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

procuro...



PROCURANDO…

Procuro uma alegria
Num canto da vida
Sentida e vazia

Recordo o passado
Olhando o presente
Brindando ao futuro
Em jeito inocente

Contemplo o voo do pássaro
Finjo as alegrias
Roubo uma laranja
Ficando de mãos vazias

Abraço cada ramo
Vergo o corpo
Mesmo por engano

Construo alicerces
Moldando o vento
Ouço as multidões
Percebendo as suas razões

Sou naufrega dos sonhos
Sou peça inacabada
Sou gente que sofre
Não encontrando
A verdadeira estrada
By me Ana

domingo, 14 de novembro de 2010

Penso em ti (erótico)




Penso em ti

um turbilhão de imagens
repassam na mente
carne, corpos, brisas
sopros, fome, desejo

são tantos os flashes
que quase me cegam
fixo em êxtase recordando
a tua mão escorrendo
sobre uma pele
húmida....desnudada
de preconceitos

obstinação esventrada
tirania, ousadia
e...penso...penso
que...
talvez não te quisesse
talvez fosse apenas esta
fome de desejo
esta vontade de me sentir
mordida, rasgada pelos
teus beijos

por momentos não quero
sentir o amor
quero ser tua,
quero sentir a tesão
do teu cheiro
quero-te por inteiro

vem, molha-me de desejo
olha-me como mulher
entra dentro de mim
desventrando os nossos
desejos, sente, bebe,
este ópio que nos seduz

e, com a ternura sobrante
beija-me...

é hora de partir, as mãos
tocam-se por entre beijos
obscenos, enquanto a respiração
ofegante contorna a fonte
sem medo, penetras-me o olhar
sinto-o deslizando pelo ventre

enlouqueço dentro deste despertar
sem retorno
possuíste a minha alma
fui tua
em noite de lua.....

by me ANA

espelhos de alma....


Espelhos de alma

são apenas dois, acompanham-me
ao longo da jornada
espelham , espiam-me, vigiam-me
são estrelas que cintilam
que reflectem o que me vai na alma

embaraçam por vezes
embaciam, turvam
como névoa passageira
neblinas brejeiras
que fazem parte do tempo
tal como espreitam
também vão com o vento

espelhos de alma

os meus, os teus, os vossos,
asas de condor
vozes que chegam
embargando a dor,

esperanças renascidas
por entre caminhos de cinzas
ecos de um pobre coração
elevações que rebentam
dentro de um peito
quase sem vida
sussurros nas noites
nas esperas incontidas

espelhos de alma

refúgios de segredos
escondidos nas palavras
que ficam por dizer
mas que os gestos acabam
por desfazer....
por entre gritos mudos
engarrafados por nós

ilusões, amores e paixões
bem estares, toques, sonhos
que se tornam realidade
quando termina o medo
e se quer com vontade....

entrego-vos os meus...
afinal, são apenas
espelhos de alma....


BY ME ANA

sábado, 13 de novembro de 2010

nada condiz


Nada condiz

nas horas mortas há um escorrer de tempo
que envolve o pensamento, trazendo
à memória partilhas quase sem história
côdeas já rijas, mas que ainda povoam
o rio de minha vida....

o frio acerca-se dentro deste pastelar
os dedos enrijecem de tanto esperar,
a quentura do olhar não existe
e a dor em passe doble persiste,

fustigam os pensamentos
que em jeito de chicote
nada condiz, a pele, o olhar
nem tão pouco a emoção
os pigmentos da aparência
perdi-os
porque persistem os suspiros
glórias esborratadas pelo
cinzelado do passado

da verdade, nada se espera
quimeras, ousadias
madrugadas sombrias
esquecimentos anónimos
que tropeçam sem imaginação
num tatear quase inocente
ao cair da neblina

nada condiz

espero... por uma luz

by me ANA

neste momento de paz...


(foto GUSTAVO ADONIAS)

Num momento de paz elevo a alma
sobrevivo com calma
desejo que você me ame
desejo que eu te consiga
para sempre amar,

não quero esquecer
nem tão pouco quero deixar
de me lembrar,
neste meu momento de calma
quero sentir, viver, quero amar
até mais não poder,

nos braços da vida
vou me perder sem duvidar que seu
amor por um dia vou beber,

vou deixar as memórias
vou relaxar as histórias
nem muito nem pouco,
não vou duvidar
vou dar-me de corpo inteiro
rejuvenescer para te ter
deixando de sentir a dor
que tantas vezes me atropela
vou fugir com ela,
descobrir a paz, o riso
vou deixar que por nossos corpos
se instale a paixão,

então, neste momento de paz
vou afagar-te sem tempo
vou sussurrar baixinho
com todo o carinho
vou bailar no teu canto,
vou ser árvore em vida
para que nas tuas noites
de luar, te enrosques nos meus
braços e sintas os meus abraços,

neste meu momento de paz e lucidez
vou dizer-te vezes sem conta
que
és semente
és afecto
és dono deste sentimento

e quando por fim acordar
mesmo se lágrimas deitar
não importa
porque dentro de mim
vives-te
deixei acontecer
dentro do meu silêncio
foste vida e paixão vivida

afectos que não morrem
renovam-se em cada manhã
fecundam o coração
fazendo o amor ressuscitar
enfim....

By me AnaB

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quando...amar é..


QUANDO

quando a paixão se transforma em amor
e o olhar se derrama por entre fragilidades
sentimos tantas saudades
que nem as lágrimas conseguem
apagar o rasto de tanto gostar

e quando...

os braços já cansados
se deitam no tão esperado
regaço sem darmos por isso
somos levados pelo arrastar
da maré por entre correntes
nunca esperadas,

agradecemos de coração aberto
por sermos levados nessas
enxurradas...
mesmo que elas não sejam
igualadas....

amar, é uma dádiva tão grande
que só podemos agradecer
e continuarmos a fazer por
merecer, sentir esse amar
sem que ele nunca venha a morrer....

EU ....amo
e você!!!!será que consegue amar também

by me ana
2010/11/12

TALVEZ UM DIA...


Talvez um dia eu possa abraçar a vida
Ou quem sabe respirar sem medo,

Talvez um dia eu possa amordaçar
Os fantasmas que me perseguem,
Ou quem sabe arrancá-los da minha mente…

Talvez um dia eu seja diferente,
E consiga ver o mundo de frente,
Mastigue a terra que me sufoca
Sentindo o rasgar do tempo
Dentro do corpo que me devora,

Talvez um dia quem sabe,
O sol nasça sem forma
O olhar se perca na imensidão
Dos dias….quentes ….

E, eu me enrosque nas folhas
Que caem em cada Outono
Cobrindo os desejos
Das noites frias e sombrias

Quem sabe...

Eu…não sei…se algum dia
Saberei ou conseguirei
Ver …de forma diferente
Este mundo em tons de cinzento
Que o homem pinta sem
Se aperceber que mata
Em cada pincelada
Por ele deixada
A esperança
De um novo
Renascer….

By me Ana
2010/11/12

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SUFOCO


Sufoco

sufoco dentro dos meus gritos
nos braços da noite
que me amordaça sem dó,

sufoco
quando te olho em silêncio
gravando na memória
as palavras que ficam por dizer,

na saudade também sufoco,

sufoco com a voz
que adormece dentro de um peito
molhado na falta de tempo,
no trago de mais um copo
da negação perdida
da dor simples e parida,

s u f o c o

porque me desprezo
dentro das quimeras roubadas,
esculpidas por entre violinos
braços ancorados
nas memórias deixadas,

s u f o c o

de cada vez que finges
que não me vês
e, eu amordaçada
pelo medo, adormeço
dentro da minha solidão....

s u f o c o.....
by me AN

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O VENTO SOPRA


Sopra

sopra o vento
sopra de encontro
ao meu pensamento

sopra na vontade
na imaginação
na verdade
na invenção

sopra com ternura
e
brandura também

sopra
em forma de gente

sopra
quente

e se algum dia
deixar de
soprar
nunca te esqueças

que para sempre
eu te irei
amar

by me ANA

CASULO


CASULO

Decididamente
vivo dentro de um mundo
que não é o meu

de uma pele que já foi
minha

de um olhar acrisolado,

sobrevivo dentro do
meu casulo,

tenho por companhia
a solidão

a inércia da paixão,

caminho amparada
ou
de mão dada com a ilusão,

hoje....

poderia até ser um dia
diferente,

se dentro da minha
loucura,
existisse espaço para
o esquecimento,

revivo o pensamento
na esperança de te voltar
a encontrar,

aguardo pacientemente

talvez um dia

quem sabe

seja diferente....
by me ANA

domingo, 7 de novembro de 2010

SANGRO....


Fecho os olhos
por momentos
ensaio todos os sentidos
sinto-os aguçados
chamando por mim
dentro de mil sóis
inventados,

terminou a angustia
o medo
a tristeza
terminou a incerteza
terminou por fim
esta espera sem sentido,

dentro do meu olhar
contemplo este meu mar
um oceano sem fim
um lugar
feito por medida
feito para mim

venta
eu pulo dentro dele
engulo a solidão
rasgo sem medo
o peito
e....sem preceito
golpeio o receio

lugar de mil razões
mil medos
mil olhares

fugazes risos
se fazem sentir

não mais tenho medo

engoli este meu segredo
fiz dele mais uma história

agora

só me resta a memória

com força,
com mais força ainda
encerro as janelas
dentro do meu peito
deixou de existir
um lugar para amar
ficou toda a lembrança
de um penar
agreste
sinto a força do vento
que sopra
turbilhões de vontades
falsas verdades
imaginações

golpeio rápido

sangro

mas neste sangrar
sinto a vida de novo

agarrar

estou viva

penso

levanto-me deste acordar

sangro para dentro
BY ME ANA
2010/11/07

VIDA DE CÃO


Nua saíu para a rua
descalça desceu a rua
pousando os pés
na pedra suja e fria

encontrou uma folha
caída

agarrou-a

lembrou-lhe a vida

em tons de outono
brincou com ela
espreitando no caminho
sua vida pintada
em tons de aquarela

as andorinhas
partiram
o sol deixa de raiar
e o seu amor
tardou em chegar

descalça e nua
doce e fecunda
intima da desilusão
caminha na vida
de mão dada com
a solidão...

tem por companhia
a saudade
herdou a neblina
com a idade

agora, nada lhe resta
apenas
vê o mundo
pela janela
longe...tão longe
dela

enquanto passa
olha as gentes que em si
tropeçam
já ninguém a vê
fantasma de si própria
geme sobre um chão
frio....onde só lhe resta
a ilusão

visionária de uma vida
engole os seus silêncios
que lhe turvam a mente

afinal....também é gente
que um dia sonhou
e a vida em forma de gente
também amou...
BY ME ANA
2010/11/07

HOJE...ACORDEI....


Hoje acordei....

acordei dentro de um acordar
vazio,
sem sentido
frio,

a luz que me fere o olhar
não deixa espaço
para te procurar,

acordei
por entre súplicas malditas,
guerras vencidas
estragos de mil vidas,

sondei o meu canto
na tentativa de encontra
o teu encanto,

sinto-te dentro de mim
mas longe....

observo
os traços, lembrando
dos amassos
será amor ou desamor
isto o que sinto,

será a alma
morrendo,

ou serei eu

sorrindo....

levanto os braços
aos céus
em tom de desespero
e grito baixinho
com medo de acordar
os fantasmas,

vem, mata-me
esta sede
devora-me este bem querer
envolve-me

não me deixes
morrer....

BY ME ANA
2010/11/07

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

...O NÉCTAR DA FANTASIA


Corro...
corro tão apressadamente
que mal sinto os pés
que sangram sem sentido,

corro....
na esperança de te encontrar
de poder beijar o teu espaço
ainda que mal o veja,

sem saberes
penetro nele,
dentro de uns
jogos desencontrados
que em jeito de escárnio
e mal dizer
vão tomando forma,

sem saberes
sorrio,
encontro-me
dentro deste vazio,

sem saberes,
sou tua, pontapeando
a lua
fecho os olhos,
e, dentro da música
lavo esta realidade
que me suja por momentos
a alma...

abro os braços,
sinto o vento,
entrego-me numa nudez
límpida pura
e ouço ….sim ouço
as nossas gargalhadas
incrustadas na pele
seca
delírios de uma mente,

aos poucos
o som se esvai,
com ele o meu sonho
se desvanece,
foram momentos mágicos
na realidade
fomos nós que sorrimos
apertando a saudade,
limpámos
a maldade, fizemos
castelos de espuma
bebemos
o néctar da fantasia
fomos amor, paixão e mestria

fui eu...
foste tu....
dentro deste mundo
que é meu e teu...

BY ME ANA
2010/11/05

oxalá a noite termine...


Agora,
observo calmamente
a lua,
observo com os olhos
turvos,
subo nas ondas
espreito, na minha frente
o desejo,
ao longe, o corpo
as mãos não conseguem
tocar no rosto,

um imenso mar nos separa
fico diante dele,
descanso
quase agarro a asa
que passa diante
de mim....
perdi-lhe o rasto
nesta tristeza sem fim...

agora,
as casas velhas formam
braços de segredos
que se passeiam
repousando
nos velhos bancos
de jardim,

o meu mundo
ruiu
entrelaço-me entre a
terra e o rio,
calmamente
vou rasgando a noite
sentindo o bater
forte das ondas
por fim
adormeço....

quem sabe
se voltarei a
encontrar-te
ou se neste cavalgar
adormecido
viajas até mim...

a nostalgia fica espartilhada
enchendo-me a boca de areia
enquanto os salpicos
da saudade
espumam vagarosamente
dentro do meu peito,
uns e outros
baloiçam dentro
de um coração carcomido,

o cheiro da madeira
funde-se com a erva
rasteira, refervendo
a noite amarga
sem sentido....
afinal ,já não consigo
me ajoelhar, nem tão pouco
o teu sorriso espreitar
oxalá....termine...
By me Ana
2010/11/05

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

VEM..não te escondas de mim


Já nada faz
sentido,
sem ti a noite
morre,
eu dentro dela
fico
a alma
também morre,

onde estás,
porque te escondes
de mim,
não deixes
a noite levar-me
enrosca-te,
vem
não percas
o reboliço
enche o meu
sorriso,

se a janela
se fechar
vais perder o meu
olhar,
o sol não vai
brilhar
e os nossos corpos
não se irão
tocar,

vem.....
porque esperas,
eu,
abri a porta
de par em par
entrou uma lufada
de ar fresco
não a deixes
mofar...

no ar
paira o esplendor
de mais uma
noite,
espero-te
na mesma
esquina...

vem....saborear
a noite mesmo sem luar
By me ANA

TRISTEZA....



TRISTEZA....

Perdi a luz que me ilumina
meus olhos choram
lágrimas pretas
secas,
não vejo esperança
nem tão pouco
o rio avança

sinto-me perdida
no meio do nada
sinto que já não
sou nada,

pedra, cal
espasmos de gente
mal formada

escurece dentro do meu ser,
não quero voltar a ver,
não quero percorrer outro caminho
nem tão pouco quero voltar
a viver....

saudades é o que sinto
o mundo
ficou cinzento
repartido, tosco, oco
ecoando guinchos
mal paridos,
sonhos retidos,

pressinto que tudo
vai acabar
meu peito chora
de saudade,
implora por verdade,
não quero sentir
mais esta dor
quero partir
sem resistir
quero perceber
a razão deste meu
sofrer.....
by me Ana

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

porquê EU


Amo-te pela sombra da janela,
pela calada da noite,
quando o quadro se desmonta
a água escorre e o tempo nos molha,
paro vezes sem conta perguntando a quem passa
se a delicadeza dos gestos nos ultrapassa,
sinto dúvidas quando paro,
precisamente sinto dúvidas quando
reduzo a substância que me vai na alma
e os gestos se dissolvem,
subtraindo os dias, as contas, voltam a baralhar-me
a memória, rezo também, saúdo uns e outros
antes que o tempo os leve...
levanto-me dentro de uma nudez pálida
suja, escorreita de preconceitos
sim, sou prostituta quando penso
vadio, deambulo nos gestos de tantas
gentes, já não sei
se me conheço, ou se a vida me tem,
sei que me deito na cama vazia
dentro de uns lençóis bordados,
por vezes sinto-os estranhamente molhados,
mas sem sinal de vida, apagados
são tão pouco de mim, que estremeço
dentro de uma linha açucarada
aquela que tantas vezes me fez companhia
de noite e de dia....
frágil, fico frágil quando penso
olho o espelho que jaz na parede
busco reconhecer-me, mas tal como
o papiro o tempo começa a levar
a viciosidade desmorenando qualquer
vaidade....além disso, também já não
me faz diferença se sou eu, ou se alguém
dentro de mim quer morrer,
não pretendo renascer, apenas quer voltar
a viver, quero sentir o perfume
do dia, quero voltar a abraçar os rostos
iluminados, não quero sentir o peso
dos fardos...passo e acendo a lamparina
velha, queimada, faz frio
o corpo rolha-se na noite
fundindo-se no tempo dentro de uma
taça fria de champanhe....
sorrio, quando penso
afinal, é o meu submundo
que quereis !!!!!rezar comigo!!!!!
preces ocas em ouvidos alheios
dentro de uma surdina que me
faz tremer...
além disso, já não sinto
para que hei-de continuar a viver...
adormeço...
by me ANA

vou contar-te um segredo


Vem
e diz-me,
Sussurra-me baixinho
Bem ao teu jeito
Vem,
E, descansa em meu peito,

Conta-me as tuas histórias,
Deixa-me beijar a tua alma
Sossega,
Eu, faço-o com calma,

Ouve o vento,
Escuta o seu lamento,
Na volta,
Conta-me os seus segredos,
Ele sabe,
Eu, também sei
Será que tu sabes
O quanto te esperei….

Agora eu vou te contar
Um segredo,
Vou abrir o coração
Sem medo,

Eu sei que vais entender
Só não sei
Se o queres receber…

Com meu jeito um pouco
Desengonçado
Vou tentar te contar,
Vou começar por te dizer
Que o Mundo lá fora
É fraco, a chuva molha,
O céu é azul, bem a teu jeito
O tempo é nosso amigo
Meu desejo é ficar contigo,

Bem,
não sei se consegui,
Se te fiz sorrir,
Se o olhar brilhou
Não sei,
Mas posso perguntar
se posso deixar
o meu olhar te beijar,

não…não precisas
responder,
eu espreito o teu jeito
de dizer….
Mesmo que para isso
Tenha que esperar
Por novo alvorecer….
By me ANA

AGARRANDO....O DIA


Não me importa que não me toques,
nem tão pouco me importa
que nossos corpos se toquem
sentindo a carne
quente,
porque no fundo,
tu tens-me
eu sinto-te
somos gente,
mesmo que em pensamento,

os olhares não se cruzam,
as bocas
não se molham,
os dedos não se entrelaçam
mas.... vivem,

eu sigo-te,
tu segues-me,
as almas cruzam-se
pela calada da noite,
eu amo-te,
em silêncio
ergo o corpo em pequenos
espasmos,
sofro,
por momentos, deliro
dentro do teu fixo
olhar, sou feliz neste
calar,

consigo até imaginar
o som dos teus passos
repasto,
nos teus lábios,
fico frágil
dentro desta imperfeição
talvez,
por não sentir o toque
da tua mão,

sorrio,
volto a vestir a pele
a calçar o dia,
enquanto deambulo
no teu espaço,

fecho a luz
abro a janela
lá fora o mundo espera-me
vou dar-me,
não da forma
ou jeito que sou tua,
mas vou abrir os braços
rasgar o sorriso
agarrar o sol,
beber o dia dentro da sua magia
vou,
aprender a ser lua,
bebendo do sol,
para na noite
poder ser tua....
e...só tua....

by me ANA

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ACEITA....


© Alvin Booth, 1999(foto)

ACEITA...
Serpenteia o corpo de forma firme,
com a suavidade que lhe é conhecida
delicadamente oferece o peito
ainda hirto de desejo
chamando até si os lábios
quentes e doces do seu parceiro,

languidamente escorrega
fazendo com que a sua pele
num queixume leve deambule
pelo sexo ainda ardente
que em jeito se mantém na sua frente,

os lábios, mostram um sorriso rasgado,
forte dentro de um frágil anoitecer,

lá fora, o frio faz-se sentir,
as vidraças embaciadas
não conseguem esconder
tanto prazer....

derrepente, sente a face
queimar e num juntar de pernas
solta uma gargalhada farta
ensurdecedora para quem passa....

xiuuuu, ouve-se baixinho
não vá acordar o monstro que espreita
em forma de gente,
aquela gente que alheia passa
e nem sequer sente,

sim...
sente a vida,
sente a coloração do olhar,
sente o sol brilhar,
gente apática, cansada
gente que do amor
não sabe nada....

gente fria, sem alma
gente que não vive
não deixa espaço
para ternuras, gestos
ou sabores,
os amores são raros
morrem, mesmo antes
de nascer....

para ela tudo és estranho
tão estranho,
que se move na calada
da noite, por vezes fria
mas quente,
dentro de um coração
que em chama vive
ainda ardente...
by me ANA
2010/11/02

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

LAMENTOS


O vento sopra
será que sopra por querer
ou simplesmente para eu o ver,

já não sei,

perdi as memórias,

ainda há pouco ali estava
e como que num estalar de dedos,

desapareceu....

juro que não fui eu,
juro que nem dei conta
do seu lamento,

ou será que era chamamento!!!!!!!!

será que se eu gritar ele
volta!!!

não sei....

nem tão pouco sei
se me ouvirá,

vou tentar, talvez me ouça,

vou gritar então

com força....

o espaço encurtou
o vento não voltou
e
ele por lá ficou

ele quem???
perguntam as vozes,

ávidas por saber
e
quem sabe talvez ver,

não....não vou voltar
a chamar

porque dentro desse
espaço
eu não existo
foi história
ou talvez um cisco
que me turvou
o
olhar

mas o vento insiste

mas insiste no quê!!!
para
quê???
se nesse espaço ninguém o vê!!!

já sei...vou saltar o muro
deambular
pela calçada
talvez
possa entrar na janela

talvez possa ver
a luz
e conviver com ela,

talvez seja tempo
de abrir
o que sobra dela,

o tempo parou,
os segundos não andam
o coração parou...

nem dei conta...confesso,

mas também, se ele não volta
para que quereriam vocês
os segundos de volta,

ah..terra maldita
onde a água benta se transformou
em gorgulhos
de tempos velhos,
secos, áridos
de gentes descrentes....

fisicamente, perdida
a vida esvoaçou
deixando-me nesta terra desdita

onde o forte fica fraco
o fraco não sobrevive
e o amor, comigo
não convive....
by ME ANA

INTIMIDADE...



INTIMIDADE...

Fundem-se as palavras
em cada anoitecer,

fundem-se os desejos
os pensamentos
por acontecer,

fundem-se os olhares
as ausências,
os amontoados ,
até mesmo as indecências,

fundem-se os sons
as presenças,
até se fundem
as palavras,

e, nesse fundir sentido
o amor vai crescendo
calmamente,
devagar, bem devagar
vai inundando o olhar

um brilho resplandecente
se forma enquanto a intimidade
se ajeita,
as palavras incorporam,
os desejos ficam despertos,
o longe torna-se perto,
e quase sem dar-mos por isso
desaparece o deserto,

contemplo o brilho do teu olhar
o teu sorriso chama por mim,
fazendo florescer o meu jardim,

sinto-me mulher por momentos,
esqueço os meus pensamentos,
vivo dentro de ti, com calma
bebendo da tua alma....
sinto o fundir da nossa pele
esquecendo a lonjura
sou fiel,
sou pedaço de mel....

recosto-me na cadeira
olhando-te em tom
de brincadeira,
escorrego lentamente
na ância de sentir teus dedos,
arrebato a noite sem lamentos
vivo esta magia,
sonho, transformo este pedaço
de pura fantasia,
enfeitando nossos sorrisos
imaginados,
perco-me nas curvas dos sons
relaxando
sobre as palavras que não ouço
mas que despertam em mim
uma saudade
sem fim.....

funde-se a noite em mim....
BY ME ANA